domingo, 19 de outubro de 2008

PASSEIO NA RUA


A estrada se divide em tantos rumos. Tantos caminhos distintos.
Às vezes pergunto se realmente todos levam para um mesmo lugar.
Vejo tantos rostos desconhecidos, pessoas que também não sabem quem sou.
Sigo por caminhos estreitos, becos, lugares que eu não conheço.
Procuro o anonimato.
Onde não haja alguém para perguntar – como você está? – onde eu seja só eu, como sempre fui só.
Passeio por minha mente como passeio pelo centro da cidade.
Tudo é correria.
O tempo precisa se desdobrar.
Os pensamentos passam por mim como estranhos, se desviam evitando qualquer contato.
Observo os desconhecidos, mas não os invejo, pois como eles, também, sou uma desconhecida para mim.
Sinto como se não pertencesse a lugar nenhum, pois não há nada que me prenda.
Não há para onde voltar.
Não há paz.
Não pertenço a ninguém, nem me pertenço, é por isso mesmo que não tenho ninguém para mim.
Procuro no escuro, sou uma cega.
As janelas da minha alma estão fechadas.
A vida se tranca fora de mim.
Caminho sem sentido, sem direção, buscando apenas um sorriso, qualquer coisa.
Vivo de lembranças, de momentos que não voltam.
Não quero ver que o tempo só prossegue.
Que os instantes se foram.
Vivo que quase não vivo só de lamentos, de pranto e de dor.
Vivo triste, e caminho sem saber pra onde.
A estrada se desvencilha à minha frente.
Não sei por onde ir.
Não quero seguir só.
Enquanto não me encontro, por entre tantos desencantos, tantos desenganos.
Perco-me ao olhar para trás, ao ver os passos que dei.
E onde errei.

Marília 17/09/07 14:45 hs

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