Hoje novamente um parente me falou que meu pai brada aos quatro ventos o quanto tem orgulho de mim, já ouvi de outros e até dele mesmo alguma vez. Então fiquei me perguntando, do que ele tem orgulho? Meu pai sequer me conhece, duvido que ele saiba quantos anos eu tenho, que meu cabelo já está ficando branco, que ele conheça meu sotaque ou saiba a cor dos meus olhos. Talvez se eu passasse na rua, ele nem me conhecesse.
Meu pai não sabe os perrengues que passei para chegar aqui, nem como eu fiz para me virar quando tinha três empregos que não pagavam quase nada e ainda estudava. Ele não sabe que eu já fui vendedora de cartões para uma ONG, ou de cartões de crédito, ele não sabe da minha passagem por um restaurante no shopping Tambiá, nem de quando fui monitora escolar numa comunidade em Bayeux e tinha que pegar alternativo (um deles, o motorista prendendo o cinto no freio de mão) ou quando fui recenseadora nas proximidades do presídio do Roger.
Meu pai sequer ligou para me parabenizar quando passei no vestibular, ou quando me formei, mas se orgulha em dizer que tem uma filha jornalista.
Meu pai não teve um centavo de participação no meu apê, mas espalhou para todos que tinha comprado um para mim quando eu ainda era adolescente. Aliás, ele sempre foi mestre em aparecer de vez em quando (de vez em quando mesmo), oferecendo mundos e fundos e não cumprindo nada.
Meu pai não tem motivos para se orgulhar, ele nem conversa comigo para saber como está minha vida. Não sabe nem qual o dia do meu aniversário. E a única coisa que me agrada em relação a ele, é desmentir todas as coisas que ele diz para os parentes, ainda assim pela total falta de consciência dele, por parecer que não há o mínimo problema de ser pego na mentira, isso não faz nem sentido. Não tem porque meu pai se orgulhar de mim, porque ele simplesmente não sabe quem eu sou!
segunda-feira, 1 de setembro de 2014
Um agosto qualquer
Devaneado por: Marília Domingues às 20:42Palavrinhas Coisas que irritam, estado de espírito, Família, reflexão, sentimentos
domingo, 8 de maio de 2011
Mãe ontem, hoje e sempre!
Devaneado por: Marília Domingues às 15:21Rosa (Marisa Monte)
Tu és divina e graciosa
Estátua majestosa
Palavrinhas Família, Música, sentimentos
quarta-feira, 8 de abril de 2009
confusões de Marília
Devaneado por: Marília Domingues às 00:49Texto escrito há algum tempo...
Palavrinhas Besteirinhas, confusão, Confusões de Marília, Família
quinta-feira, 2 de abril de 2009
Férias parte I (meu avô)
Devaneado por: Marília Domingues às 15:59 Estou de volta!
O que uns dias na casa de mamy não faz com uma pessoa?
Mas só uns dias mesmo porque ninguém aguenta aquela cidadezinha por muito tempo.
Consegui carona, que ótimo, minha viagem de 6 horas de ônibus se transformou em 2 horas e um pouquinho de carro, em casa paparicada, abraçada, mimada e muitos outros adas... ai que felicidade.
Poder dormir na minha cama com um colchão que não afunda (mto bom), ficar lendo toda espalhada no sofá, assistir a novela, coisas que não tem preço.
E ainda tem um bônus, meu avô!
Quando eu cheguei, ele estava dormindo, ai acordou perto da hora do almoço, veio perto de mim e fez a mesma pergunta de sempre:
_Quem é você?_ então lá vou eu gritando (ele é muito surdo) tentar explicar quem sou.
_Sou eu, sua neta! Filha de Maria!
_Ahh, não tava conhecendo não.
_Mas tá conhecendo agora?
_Agora tô!
O mais interessante é que depois que eu disse que era neta dele, ele começou a passar a mão na minha testa, com tanta ternura (eu explico, ele nunca fez isso, nunca foi de demonstrar afeto), fiquei emocionada com aquilo, caramba! era o meu avô, aquele velhinho chato e ignorante que só faz o que quer e os outros que se adaptem a ele, que é mais fácil dar um tapa que um beijo. Ficando coração mole. Ohhh! *.*
Milagres acontecem!
Daí em diante ele voltou a ser o velhinho de sempre, enfezado e irritado, mas eu passei a achar graça ao invés de ficar irritada como antes. Foi tão bom!
Isso no primeiro dia, no dia seguinte ele acordou super cedo como sempre tipo umas 05:00 da manhã, tentou abrir a porta (cidade do interior), ficou andando pela casa arrastando os pezinhos, rsrsrs, até mamãe levantar, quando ela levanta ele se senta quietinho no sofá e lá fica sem dar um pio com ninguém. Ele só fica inquieto enquanto tem gente quieta, rsrsrs.
Feito o café, depois que ele come ai pega no sono, sono pesado mesmo, não tem quem acorde! Dorme a manhã inteira, acorda pra o almoço, vai direto pra cama depois, do mesmo jeito ninguém pode impedir porque ele só faz o que quer e se alguém insistir leva uns tapas, (força pra bater ele ainda tem, apesar dos 92 anos), então dorme a tarde toda, a noite tem o jantar.
Depois que come, se a cama não estiver arrumada (forrada com mosquiteiro, porque no interior tem muitos pernilongos) ele quer ir deitar logo alegando que tem que acordar cedo no outro dia, se estiver arrumada ele fica no sofá até a gente insistir pra ele ir dormir, se deixar passa a noite, o povo cansado por ter ficado o dia todo acordado e ele uma pilha por ter passado o dia todo dormindo. Ai de 03:30 da manhã no melhor sono, ele levanta e fica conversando sozinho, durante o dia não dá uma palavra com ninguém.
Mas tudo bem, pelo menos ele é ativo alguma hora no dia. Cá entre nós, eu acho que ele é meio vampiro, rsrsrs. Porque só funciona à noite.
No dia seguinte ele estava comendo pipoca, então quando não quis mais foi guardar no guarda roupas (do mesmo jeito que já guardou a garrafa de café na geladeira), ai quando eu tirei, ele disse que estava guardando pra mim. Ohhhh *.* !
A parte mais engraçada de vovô é que ele nunca responde o que perguntamos.
Ex: O menino que cuida dele lá em casa foi oferecer um cafézinho à tarde, assim aproveitamos que ele tá tomando café e damos um lanchinho também, sabe como é né, igual a criança, se não for assim não come nada porque diz que não trabalha e que não precisa comer.
Então ele perguntou:
_ Quer um cafézinho seu Zé?
_ Tá feito?
_ Tá!
_ Tá quente?
No almoço:
_ Venha almoçar seu Zé!
_ Tá "botado" (colocado)?
Ele pergunta, pergunta e depois que o menino desiste ele vai sozinho, rsrsr. Mas o melhor é quando ele não escuta direito o que a gente fala e só entende outra coisa, só que não me lembro agora de nenhuma pra contar.
E sobre o não gostar de comer (e de beber água também) ele explica que é porque não trabalhou, então não está com fome, nos dias que não fala nada sempre vem com uma história depois, diz que levou a burra pra "pastorar" (tipo, levar pra passear e esperar que ela coma os matinhos), ou foi tirar leite da vaca ou plantar no roçado. Coisas que ele não faz há décadas.
Minha família é uma onda, meu avô é cheio de coisa, rsrs, morro de rir com ele. Adoro!
É isso aí, mais relatos das "férias" depois...
Palavrinhas Besteirinhas, Família