Tudo no início não era nada.
Era um ônibus
A estrada
A partida
A espera pela chegada.
Antes nada era simples,
Era difícil de forma diferente.
No início era o pensamento
Fixo em algum lugar no espaço e no tempo.
Sem espaço no tempo de pensar.
Antes era eu aqui e minha mente a vaguear.
A procura do que se perdeu pela estrada.
Tudo no início era nada.
Um pensamento à toa
Uma pausa na caminhada.
Tudo no início é nada.
Sempre é sempre nada.
Nada quer dizer nada
E nada significa alguma coisa.
E nada é simples
(mesmo que antes de tudo haja um outro tudo que agora também é nada)
No início não era nada
Nem casa
Nem estrada,
Nem história,
Nem memória
Era apenas uma lembrança vaga
Um flash
Um lapso
No fim tudo é nada
É um ônibus, a estrada
A partida e a chegada.
Apenas mais uma viagem.
Depois tudo é difícil de forma diferente.
No fim o pensamento se concretiza
E agora fixo em outro lugar
Com espaço e tempo para estar.
Tempo marcado, contado
Depois sou eu aqui e minha mente a martelar
Me oprimir por não fazer nada.
Tudo no começo é infinito
Tudo há tempo para viver a eternidade
Tudo no fim é nada
Tudo um dia acaba.
A eternidade chega rápido de mais.
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