domingo, 20 de fevereiro de 2011

Há um ano ou dois...

Era uma segunda feira de carnaval numa cidade que não tinha carnaval. Um lugar vazio, coberto apenas por uma chuva fina que entristecia o começo do dia. Será mesmo que chovia?


Foram tantos adeus, apenas o último (que foi o definitivo) não lembro como aconteceu. Depois do primeiro adeus vieram outros e comecei a pensar que Adeus era só uma forma dura de dizer até logo. Até que o primeiro até logo, virou adeus de verdade. Obrigou-me a mudar, a não esperar o que já era rotina. A escutar o silêncio a todo instante e a ver reflexos e sombras de lembranças em todo canto. A sentir um cheiro que não era mais meu...


Aquele primeiro dia foi assim. O que eu podia fazer? Não podia mandar nos sentimentos alheios, não podia mandar sequer nos meus. Passei o dia abraçada com uma toalha que guardava muito distante o cheiro do sabonete ou talvez um pouco de perfume. Aspirei todas as lembranças... Fechei os olhos não sei se adormeci, não sei o que fiz de mim...


Não pude mudar o que sinto, me obriguei a esquecer, mas tudo é pretexto pra lembrar. E assim 366 ou 365 dias, milhares de horas, incontáveis segundos de tempo que se arrastou até chegar ao hoje novamente. Tive opções e sempre temos. Optei por não gostar... mas gostei. Optei por esquecer e o que estou fazendo aqui um ano depois? Lembrando. E assim, de vez em quando, em certos períodos, sem razão aparente, a saudade aperta mais forte, mais arrebatadora. Tira-me o sono, a paz, a visão e novamente faço a escolha errada. Escolho a solidão de um quarto escuro ou a companhia de um filme triste, talvez algumas horas de delírios alcoólicos forçados ou a lucidez do cigarro por alguns minutos.


Mudo o meu jeito, mudo a posição dos móveis, mudo minhas roupas, o corte de cabelo, mudo o perfume, o círculo de amigos, os lugares que frequento, mas só não muda o pensamento, esse sempre volta. Não consigo entender. Reclamo do esquecimento, de ser deixada de lado, de não ser amada o suficiente enquanto os outros se queixam de mim por eu amar de mais. Será mesmo que amor é demais? Se não for de mais será amor? Se não for chama, se não for intenso, se não for pra consumir e renascer de si mesmo, se não se morrer de amor como pode ser amor?


Joguei-me no abismo sabendo que iria cair. E me permiti sentir tudo, ofereci o qu etinha e me desfiz de mim. Meu corpo, mnha mente, minha alma. E ainda vivo à sombra desse sentimento. Espero ter forças para vence-lo para para não ser mais consumida nessa flama eterna. Talvez apenas fazer a escolha certa desta vez.

Revirando papéis antigos encontrei este texto ele mostra como eu me sentia aproximadamente um ano atrás. Ler textos antigos é engrandecedor para mim, mostra como eu pensava e me permite analisar a forma como vejo e como ajo hoje em dia. E para ele não se perder na bagunça empoeirada do meu quarto, compartilho-o aqui.

M.D
João Pessoa,14 de fevereiro de 2010, 12:30

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