domingo, 20 de fevereiro de 2011

Crônica (Revirando o baú de papéis e lembranças)

Continuando a viagem entre papéis e lembranças encontrei minha primeira "Crônica", essa aqui é acadêmica. Talvez por isso eu tenha me limitado ou não, bom, espero que gostem!

A COR DE JOÃO PESSOA

O dia amanheceu cinza nublado. Estava frio, eu ainda estava com sono, tudo parecia embaçado. Não conseguia ver os detalhes, nem precisava deles àquela hora. O preto do café amargo, o letreiro amarelo do ônibus, as pessoas e seus tons pastéis... Acordei em uma cidade morta. Mas essa não é a minha cidade, essa é apenas uma parte monótona e sombria, é um amanhecer num dia de chuva, mas a chuva é só um detalhe.

As horas passam, o clima maluco faz o sol brilhar intensamente trazendo vida às coisas inanimadas, as gotículas d'água mostram meu reflexo cansado. Mas o dia muda, e eu também posso, então paro. O familiar e rotineiro que simplesmente olho todo dia se transforma em extraordinário quando passo a observar atentamente, e as cores aparecem. A cidade se transforma numa explosão de movimento e cor.

O azul da mochila do estudante dormindo no ônibus e que já passou do ponto, o rosa de um outdoor dizendo sabe-se-lá-o-que sem importância, o laranja berrante da camisa do colega de classe, o prateado do gatinho siamês abandonado na praça, o negro do corpo esbelto do príncipe africano.

Cai a tarde, traz o alaranjado do pôr-do-sol, com o se eu pudesse vê-lo todo dia, mas hoje era preciso, depois de tanta mudança, João Pessoa me convida a fugir da rotina e a apreciar cores que normalmente o tempo não deixa.

E então, a noite, com suas luzes, controlando o ritmo da cidade. O neon dos carros dos playboys, o fusquinha verde limão estacionado embaixo do poste. As cores do milho vendido na lagoa, a fumaça do churrasquinho mudando os ares.

Em casa comecei a refletir, qual seria a cor da cidade? João Pessoa não tem uma cor específica, é multicor, furtacor... As cores só precisam ser observadas no lugar de apenas vistas, elas precisam de tempo, o dia as modifica os olhos as mudam. João Pessoa tem a cor dos olhos de quem a vê.

O final é bem clichê e isso é uma coisa que anda preciso mudar em mim. Fugir do lugar comum e do óbvio.

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