sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Coisas irritantes 2: A falta de cultura musical me broxa deveras

2º Falta de Cultura musical.


A falta de cultura no geral me broxa deveras, hoje em dia chega a ser difícil encontrar, principalmente entre os mais jovens, alguém que goste de Beatles, mesmo alguém que conheça Beatles, mas todo mundo sabe o que é a Tarraxinha.

Pessoas que classificam este tipo de lixo como música me broxam a tal ponto de se tornar inviável qualquer tipo de conversação.

Há muito tempo que as músicas vêm decaíndo em conteúdo, chegamos hoje a tal ponto de as músicas fazerem apologia explícita ao sexo, "meu bem" foi substituído por "minha cachorra", e eu estou pegando extremamente leve aqui. Mas não quero ser leve, meus ouvidos têm que aguentar muito disso todos os dias... chegamos ao cúmulo do "chá de cu", "surra de bunda", "dá o cu de cabeça pra baixo"... verdadeira poesia, Chico Buarque não faria melhor... Mas quem é Chico Buarque mesmo hein? Ele ainda tá vivo?

Deus!!!! Tem piedade dessas pobres almas, elas não sabem o que fazem!

Esses dias voltando pra casa de ônibus passou um carro de som anunciando um tal de "forró das antigas" que aconteceria não sei onde. Estava tocando músicas de Rita de Cássia, do tempo em que o forró começou a deixar de ser forró, mas ainda era bom. As letras falavam de amor e você conseguia distinguir o som da sanfona e do triângulo. E sim, as músicas tinham letra! Incrível, forró com letra! Isso mesmo, até duas ou três estrofes além do refrão... Não eram como hoje, músicas de uma frase só, não é? "Mofi, mofi, mofi, é a dança do mofi" ¬¬ (isso deveria querer dizer "meu filho" no português atrasado, de um dos maiores âncoras da Tv paraibana. Nessas horas dá uma vergonha imensa de fazer jornalismo).

MPB? Que nada, agora é sapa-music. Porque quem escuta música de qualidade é necessariamente sapatão e viado. Porque "homens e mulheres de verdade" não se passam pra isso. ¬¬ Pra que ouvir uma letra com conteúdo se você pode ficar se esfregando e "ralando a tcheca no chão"?

E o mais próximo que muitas pessoas chegam hoje de clássicos é quando alguma banda-de-uma-música-só faz uma versão chula em português, como KLB fez com "If I fell" dos Beatles. É assim a música romântica brasileira, de brasileiro só a língua, ou nem isso, já que é portuguesa, haha.

Esse tipo de música, que está se estinguindo no popular brasileiro, se caracteriza principalmente por versões de músicas italianas, principalmente dos mais conhecidos, como Laura Pausine ou Tiziano Ferro (graças a Deus nunca fizeram uma versão de Alessandra Amoroso, eu mataria o filho da mãe!) ou músicas em espanhol como TODAS AS BANDAS DE "FORRÓ" fazem com as de Maná. Mas isso também já foi ultrapassado, a moda agora é colocar uma base de "forró" na música em inglês mesmo, fazer uma versão quase mais rápida do que a música original, como acontece com Rianna (é assim que escreve?), Beyoncé, Lady Gaga e Justin Bieber. Não estou dizendo que as música originais são boas, Rianna e Beyoncé são paticamente a mesma pessoa e Justin Bieber ninguém sabe se é um menino ou uma menina cantando, só se salva Lady Gaga e olhe lá. Porém que dói mais nos tímpanos ouvir "Baby" de Aviões do forró que de Justin, dói. Mas a pior dos últimos tempos foi "Ale, Alexandre, como eu te amo" (Alejandro - Lady Gaga).

É difícil conversar sobre música, a maioria dos artistas que eu gosto ninguém conhece, ou conhecem pouco, principalmente aqui. Gosto de músicas antigas, apaixonada por Beatles e Elvis, gosto de Ray Charles e Suzi Quatro. [rock, blues (ou seria jazz?) e mais rock]. Gosto de algumas músicas Country como Faith Hill, gosto da mistura de música clássica com rock pesado como Apocalyptica ou Evanescence (se bem que este último caiu muito no gosto dos adolescentezinhos também). Gosto de Chico Buarque, César e Science. De Mariana Aydar, Roberta Sá e Tulipa Ruiz. Luiza Possi, Ana Carolina, Maria Bethânia (não gosto de Maria Gadú, porque ficou popular de mais). Gosto de Los Hermanos, Matanza, Móveis Coloniais de Acajú, Reação em Cadeia, Rita Lee, Raul Seixas, O Teatro Mágico, Angra! Isso se falando de Brasil (e tainda tem muito mais). Norah Jones, Adele, Yael Naim, Toby Lightman (country), Eliza Dolittle, Amy Belle. Notem que há muita coisa esquecida, desconhecida ou talvez pouco conhecida. Gosto de procurar coisas novas e ouvir o que ninguém mais ouve.

Para terminar, como não falar de Nx Zero, Restart e Fresno? A geração Emo vem desde The Cure, mas se revelou nesta "nova geração" aqui no Brasil recentemente. Até eu cheguei a gostar por pouco tempo de My Chemical Romance, mas daí a me vestir de preto e cortar meus pulsos por uma desilusão amorosa? já é coisa de mais. Hoje em dia o que mais me ofende principalmente nessas bandas é o fato de eles se considerarem rock... Rock não é colorido! Rock não usa xadrez, calça apertada, nem toca Chitãozinho e Xororó! Rock não chora porque perdeu você! Ah Vá! Dói profundamente ver hoje em dia, esses adolescentes com calça amarela e uma blusa vermelha, usando óculos sem lente e um boné três vezes maior que a cabeça sem encaixar, cabelo passado sabão e mais lambido que pelo de gato, sexualmente confundidos, estímulados a ser quem não são em nome da moda.

Mas a moda de hoje em dia é o Sertanejo Universitário (sempre que inventam uma variação de um ritmo, pra pior, chamam de universitário. Isso quer dizer o que? Que universitário é uma versão piorada de algo que já existe? Ah vá tomar banho!) Luan Santana, Victor e Léo, aquele loirinho-que-canta-pulando-mais-que-uma-gazela-e-não-sei-o-nome-dele. Chamam de música romântica, Sei! O forró começou da mesma forma, Não dou dois anos pra essa merda estar cantando que vai comer não sei quem, colocar não sei o quê não sei onde...

Por isso é broxante conversar sobre música hoje em dia com muitas pessoas. E não sou radical, nem estou impondo meus gostos aqui, apenas não sigo modinhas, não gosto do que todo mundo gosta, porque todo mundo gosta. E se por acaso eu gostar do que todo mundo gosta, é porque eu gosto também. Não me sinto a vontade com quem aceita essa cultura que nos é imposta, que não tem gosto próprio, que não pode escolher por si só o que quer. Abaixo a massificação da música! Abaixo a massificação da cultura! Temos o direito de escolher... Tirem das suas mentes que só o que é bom é o que é novo ou o que passa na Tv ou nessas rádios Teen. a Cultura deve ser Livre!

Cenas do próximo post:
Coisas irritantes 3 (Modismos me broxam deveras).

4 Pensaram a respeito:

Unknown disse...

Segunda tentativa!!Adorei o post, concordo em Gênero, número e grau!!
Tem tanta música ruim no mundo, q eu só ando re-ouvindo as coisas antigas!!

Bjssssssss

José Cícero disse...

Poxa, que surpresa agradável encontrar este blog e, muito especialmente, o seu magnífico texto acerca do nosso verdadeiro estelionato musical...
Concordo plenamente com o que vc diz no tocante a música(ou sei lá que nome dá a esta coisa) que ora toma conta, infelizmente do nosso país... Adorei seu blog. Tudo que ele contêm é, digamos, surreal e magnífico, eu dira... até mesmo o que vc coloca no perfil(quem sou eu). Ou mesma a provocativa definição-explicativa para o seu blog. Valeu e parabéns pela inteligência e o seu senso crítico apurado, além do seu refinado bom gosto musical que creio ser referêncial para muitas outras coisas interessantes e fundamentais. Legal e necessário não sermos "normais" como "eles" desejam que sejamos. Suponho que ser diferente no contexto atual de imensa mediocridade é o que de fato, faz a diferença. Pessoas com vc, penso que não cabe fácil em qualquer canto. Eia aí o ser de exceção como um dia dissera o grande Nietzsche.
Parabéns!
José Cícero
Aurora - CE.
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Marília Domingues disse...

Nossa!

Obrigada, meu ego foi lá em cima agora... rsrs.

É gratificante quando escrevemos algo que agrada quem nos lê.

volte sempre!

OBS: vou dar uma passada nos seus tbm ^^

Jader disse...

Posso dizer que fui um "puta sortudo" (desculpa o termo, heheh) pois tive uma criação bastante musical por conta de meus pais. Música fez e continua fazendo parte essencial na pessoa que me tornei e, se não fosse por aquilo que me passaram lá atrás, não sei que tipo de pessoa eu seria. Do rock 'n roll do "Rei Roberto" (a fase rock dele, que fique claro heheh), da boemia do Bezerra da Silva, e as trilhas sonoras de filmes que mamãe colecionava, e tinhamos também uma rádio realmente eclética onde absorvi outros gêneros e bandas. Sem me alongar por demais, fica um saudosismo triste de minha parte por saber que existiu tanta coisa boa que a cultura de massa faz questão de tentar enterrar, mas que sobrevive na cabeça e no coração de quem se importa.