quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

No escuro

É como alguém com a visão perfeita, tateando no escuro.
Como se a luz tivesse acabado de apagar
E não se vê para onde vai.
E não se sabe como reagir, porque não é uma escuridão natural
Não é o que se está acostumado.

Com o tempo a visão tende a se adaptar...
Mas quanto tempo demora?
Será que esse escuro da cegueira da mente é assim tão intransponível?
Precisa-se encontrar algo que ilumine o caminho,
Os olhos teimam em não ver
E o tato que toca os cantos
Que tenta me conduzir não está apto para me levar a um destino seguro.

Sigo então cambaleante
Uma bêbada em meio aos obstáculos
Desafios que não vejo, apenas sinto, ainda sem entender bem o que significam.
Superfícies que não vejo...

Sigo cega
Tropeço não sei onde e caio não sei porque
Levanto ainda sem ver
E mesmo o tempo a passar, ainda estranho a realidade
Estranho o escuro.
Vejo sem ver que tudo é absurdo

Pra onde ir?
Se no escuro todos os lugares são iguais
Se tudo tem o mesmo tom?
E mesmo que eu toque, que eu sinta
Não sei o que é... não posso entender

Pra onde ir quando não se vê?

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Fragmentos 2

Qual o sentido da vida? Qual o sentido da minha vida? E agora o que faço já que não sei mais vê-la de uma forma poética como sempre fiz... Não acredito mais tanto quanto antes. Agora que a maioria das minhas frases começa com “não”. Qual o sentido? O que eu devo fazer? Para onde devo ir? Por que estou aqui e não ali ou acolá? Por que estou só? Por que não quero estar? Por quê? Por quê? Por quê?


Qual o sentido de eu escrever o que penso, ou de sentir o que escrevo? Pra que chorar? Por que não há mais razões para sorrir? Por que o efeito do álcool passa tão rápido? Por que sinto falta? E pra que serve sentir saudade? Por que as pessoas apenas não vão de vez? Por que ficar essa parte já que não está completa? Não quero pedaços, quero tudo... Por inteiro. Ou nada, parte alguma.

Por que existe o esquecimento, se não sei me esquecer, senão para me esquecer? O esquecimento é silencioso, e todo esse barulho que o silêncio faz, torna o esquecimento mais vivo que as lembranças.. Lembranças... Pra que elas servem também?

Não quero mais lembrar nada. Nada que depois me cause mais sofrimento e dor, nem nada que rime com amor. O que eu quero mesmo? Lembrar como é esquecer e só.

Fragmentos 1

Tudo estava tão diferente e extremamente igual. Não, nada mudou dentro de mim. Nada mudou fora de mim. Então porque tudo parece tão diferente? Só o tempo que passou? Eu sentia o mesmo aperto no peito, sentia o mesmo nó na garganta, sentia a mesma angústia e ainda me sentia esperando por algo que eu não sei o que é e justamente por isso não sei se virá. Mas em algum lugar no meio do caminho, algo mudou. E quando eu fecho a boca eu falo com os olhos... Foi isso o que mudou (não que eu não falasse com os olhos antes), mas hoje eles mostram mais de mim que nunca, eles mostram os sentimentos que tento esconder, eles me denunciam a todo instante. Mas... Será que foi só isso o que mudou? Não sei. Isso tudo é tão complicado.