Às vezes eu sinto um grande aperto no peito, olho as coisas que acontecem ao meu redor e parece que o mundo nunca vai mudar, que estamos para sempre presos nesse estilo de vida hipócrita e mesquinho. Sinto esse incômodo dentro de mim por perceber que cada dia mais estou sozinha com meus ideais e que é tão difícil dar o primeiro passo. Me chamam de utópica por ter ainda esperança de dias melhores, de fazer a diferença. Me chamam de radical por eu não aceitar esses assassinatos diários, por não me conformar que a cidade é violenta, por reclamar que as pessoas fazem campanhas em redes sociais, mas na vida real NADA.
Às vezes esse aperto no peito tenta me sufocar, sobe um grito e fica preso na garganta. Quero fazer alguma coisa que mude o mundo em todos os sentidos em que ele é falho. Quero que as pessoas digam bom dia, por favor, obrigado, que sorriam para estranhos na rua. Quero que as pessoas vivam bem com o que conseguem com o suor do seu trabalho e que os ricos não tornem a vida dos pobres tão difícil apenas para garantir futilidades. Quero igualdade social para homens e mulheres, negros e brancos, ricos e pobres, heterossexuais e homossexuais. Quero que esses fatores deixem de ser algo tão relevante e motivo para exclusão social.
Muitas pessoas acreditam que vou ser mais uma a ficar só no discurso, mas não veem que eu ja comecei a me mexer. Não vendo meu voto, não me iludo com promessas falsas de políticos, me informo sobre o meu país (e é uma vergonha atrás da outra, mas ao menos eu sei o que acontece) e uso a que por enquanto é minha única arma contra tudo de errado que acontece. O voto. Não, meu voto não vai salvar o mundo, mas posso tentar ao menos mudar a cidade em que eu vivo.
Não, eu não tenho como acabar com a fome na África, com a guerra no Oriente Médio, com a péssima qualidade de vida e exploração de trabalhadores na China. Mas eu posso tentar acabar com a roubalheira na minha cidade (minha sim, porque aqui nasci e aqui agora vivo), proporcionar uma melhor qualidade de vida, procurar métodos de conviver com a seca no Nordeste, um dia acabar com a corrupção no Brasil. Por enquanto são apenas sonhos, mas deixo minha utopia ir longe, talvez se mais pessoas fizessem o mesmo nós viveríamos num lugar melhor. E melhor não só para mim, ou para um e outro, melhor para todos.
quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014
Aquela utópica
Devaneado por: Marília Domingues às 17:19Palavrinhas Antigos, Baú de papéis e lembranças, Crítica, Desejos, estado de espírito, Fragmentos, reflexão
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