sábado, 27 de março de 2010

Calada

Talvez quem me leia, ou quem não me leia mais ou tanto, perceba que ultimamente ando meio...calada. Talvez não totalmente muda, afinal ainda sou eu e é difícil me conter, mas venho tentando com isso não me machucar mais.

Talvez quem me lê agora não faça ideia de como é difícil uma tagarela calar, assim como seria ainda mais difícil uma sincera, mentir. Por isso, antes o silêncio que uma doce mentira. Talvez não saibam como machuca um sorriso falso rasgando os lábios no meio de um dia cinza de outono, e que, as vezes, é melhor deixar os lábios fechados (para sorrisos e palavras). Como é sufocante o choro preso na garganta implorando para sair, tirando o ar e a concentração, a calma... Como é decepcionante o despertador tocar (já é hora de levantar e você ainda nem dormiu) e ser necessário encarar mais um dia longo e sonolento após uma noite infinita de tortura e insônia.

Talvez quem me lê não entenda os meus sumiços e algumas palavras de otimismo, quando apareço de repente, perdidas entre um escrito e outro, mascaradas entre suspiros e lágrimas. É que as vezes tento deixar o bom humor tomar conta de mim, tentativa inútil de que esse otimismo se apodere do meu ser.

Talvez quem me lê não entenda o porquê, agora. Não entenda o porque agora. Pois bem, nem eu entendo. É que, as vezes, a caneta e o papel estão perigosamente perto de mais numa madrugada solitária. A meia-luz e um som familiar ao longe, os olhos fechados e o pensamento se volta automaticamente ao passado, e a caneta ali, convidando a dividir com ela e com o papel meus devaneios e lembranças de um passado bom. Algo que se foi e que nem tem porque pensar mais, mas já faz parte da rotina lembrar.

Ao redor o celular também se apresenta com uma pose ameaçadora, impondo sua presença, quase ordenando que faça alguma coisa. A caneta e o papel parecem ser os mais receptivos e então, com eles divido pensamentos, lembranças, e me esvazio de mim mais uma vez. As coisas inanimadas parecem exercer influência sobre mim, me conduzindo, quase me ordenando... O melhor a fazer é dar os últimos goles no café amargo, desligar-me do presente, do passado... desligar o despertador e adormecer que o dia já amanheceu.

M.D.
João Pessoa, 26 de março de 2010
06:12

quinta-feira, 25 de março de 2010

Dias de sol, dias de luz, dias de março...



Amigos, dias de sol infindáveis, férias prolongadas...

Sexta-feira, 19 de março, show de Pitty na praia de Cabo Branco. Energia boa, calor matando. Pra onde eu vou? Pra pólvora... no meio da galera pular... Mas o que seria de mim sem provas concretas que eu estive lá? Palavras e apenas palavras, melhor continuar nas palavras... Enfim...

Estava eu toda entretida filmando essa música estranha da Pitty quando duas meninas se atracaram (lado esquerdo do vídeo) isso pouco depois de uma outra briga num momento que eu estava com a câmera ainda desligada. Então no meio do furdunço todo, do povo pulando eis que um infeliz passa a mão no meu celular, e olha que eu estava bem agarrada nele, e mesmo assim o cara conseguiu levar.

Ahhh, perdi outro celular _ Pensei. Que nada, esse não! Só é o que eu lembro de ter pensado, o resto dos meus atos foram uma sequência que lembro perfeitamente, mas que não consegui raciocinar para agir na hora. Impulso, instinto, loucura? Chamem do que quiser, eu fiz e estou aqui para contar a história.

Assim que senti o celular escapar das minhas mãos, como em câmera lenta eu consegui ver o marginal que o tirava de mim e automaticamente lhe apliquei uma gravata, ele por ser maior e mais forte que eu adentrou a multidão comigo agarrada em seu pescoço (alguns pensavam que era uma briga), quando eu ia apoiar o outro braço para tentar sufocá-lo vi (não sei como, porque estava escuro) que ele passou o celular para outro cara. Automaticamente eu agarrei o segundo também, este pela camisa. Segurei os dois. Eu no auge dos meus 1,60m e 50kg... Agarrei que não tinha quem me fizesse soltá-los. Gritei, gritei como nunca... O assaltante fez cara de assustado para mim. Eu ainda vi o celular em sua mão e o agarrei pela camisa, com as duas mãos puxando-o e empurrando-o. Ele abriu os braços, mostrou o boné, disse que não estava com celular...

Aí eu caí em mim. Não com medo de que ele puxasse uma faca ou algo parecido, mas por ter perdido o celular... No mesmo momento um rapaz que estava atrás me entregou (o ladrão deixou cair na areia). Ai eu desabei, a descarga de adrenalina foi tão forte que tirou todas as minhas forças, então fiquei sem chão. Ajudaram-me a levantar. Olhei ao redor e não vi mais os marginais. Voltei tremendo, ainda sem acreditar no que tinha acabado de acontecer. Sai de onde tinha muita gente, fui para perto do meu pessoal.

Segunda vez que acontece, não é possível que eu não aprenda...

Tirando isso o resto da noite foi ótima, bati muito a cabeça, pulei horrores, vi Pitty cantar "Bad Romance" embora não tenha gravado porque ainda estava traumatizada..

Os dias de sol continuaram...

Falta o resto da galëre! Foto by Kemelly!
Aprendendo malabares. Foto by Téo

Arco-íris para fechar bem o dia


Meu primeiro dred
O mar visto do extremo oriental do Brasil!

Floresta... primeira parte


Detalhe para a minha encenação do "estamos perdidos no meio da mataaaa!" merecia um oscar... rsrsrs

O detalhe deste vídeo fica com a minha corridinha gritando e a cara de desaprovação do Téo!

sábado, 20 de março de 2010

O primeiro beijo

O primeiro que se dá em alguém, para mim, deve ser o molde para os seguintes. Por isso sou totalmente contra sair por aí beijando todo mundo, não consigo banalizar um beijo. Acho uma atitude sublime e que sempre deve estar cheio de sentimento.

Pode ser calmo ou arrebatador, com pegada ou com leveza, apressado, lento, beijão ou um selinho. A minha boca necessita sentir não somente a vontade de quem me beija, mas que há algo mais por trás desse gesto.

O primeiro beijo (não falo do primeiro da vida, mas do primeiro contato com os lábios de alguém) é um esboço de como serão os outros, então como posso beijar só uma vez? Nunca mais experimentar novamente aqueles lábios? Como posso deixar passar, passear lábios pelos meus sem que eu os conheça, sem que eu os sinta verdadeiramente? Sem que haja nada por trás disso além da vontade momentânea de beijar.

Não falo da forma como se beija, da maneira como os lábios se movem e como as mãos procuram repouso no corpo do outro, mas falo dos olhos no momento antes do beijo, de todas as palavras que são caladas quando os lábios se encontram, do tremor dos corpos ao perceber o sentimento sendo retribuído...

O beijo, principalmente o primeiro, para mim, deve ser aquele que marca, que a gente nunca esquece, algo que passa em câmera lenta na memória, que se pensa sobre ele, que se sonha com outros. E que depois, cada um dos que o sucedem são como se fossem os primeiros de novo e de novo e de novo.

Beijo os lábios sentindo toda a sua extensão, cada pedacinho, sinto a respiração, o cheiro da pele, o arrepio na coluna... Somente mexer os lábios nos lábios de outra pessoa não é beijar para mim... Se não for apaixonado não é beijo. Não é beijo se só existe o desejo pelos meus lábios e não por mim, interesse por minha boca calada e meus olhos fechados. Beijo só é beijo se for apaixonado.

terça-feira, 9 de março de 2010

Mudanças

Sempre tem uma noite solitária onde tudo parece maior do que realmente é
Sempre tem uma tarde ensolarada para mostrar que tudo na verdade pode ser bem pequeno
Tudo é tão relativo...

Se eu pudesse mudar alguma coisa será que eu mudaria? Por que não apenas sentir e se deixar levar... Talvez aprender a viver.... Porque no final era para tudo ser exatamente do jeito que foi, que é, e que será... Nunca vou dizer que minhas experiências (mesmo que nem todas boas) foram tempo perdido, pois foram elas que me fizeram a pessoa que eu sou hoje.

Mas e se eu ainda tenho medo? Se eu ainda me escondo num sorriso bobo ou procuro refúgio em um lugar seguro e conhecido? E daí? Posso ainda não estar pronta, mas estou me preparando... Estou mudando... O mundo é feito de mudanças, de evolução. Vou mudando meu modo de ver, de agir, de sentir as coisas. Não mudaria o passado, isso sim, pois sem certos erros como eu poderia acertar daqui pra frente?

O mundo se mostra diferente para mim e essas novas sensações, emoções, medos me fazem lembrar que eu já me senti diferente, que tudo já foi diferente... E que tudo precisa mudar para que possamos evoluir.

Tenho passado muito tempo comigo mesma ultimamente, mas dessa vez é diferente, não estou depressiva jogada num canto curtindo uma fossa ou somente a mesma depressão de sempre... Estou passando mais tempo sozinha porque gosto de ficar somente comigo, gosto da minha companhia, gosto de ficar em silêncio, no escuro somente ouvindo o barulho da minha respiração e uma música italiana de fundo bem baixinha... Sentindo cheiro de incenso de jasmin e me sentindo eu mesma... E tentando sentir-me completa apenas comigo.

Por isso não mudaria nada... choraria cada lágrima, sentiria cada dor no peito de novo, somente para chegar aqui... para chegar, enfim, onde agora estou.