segunda-feira, 21 de outubro de 2013
A Solução é Abandonar o Brasil
Devaneado por: Marília Domingues às 21:23
Três anos que a primeira mulher governa o país, 11 que é a
vez do PT e 2013 foi um ano marcante na história política do Brasil com a ‘volta’
do povo às ruas. Quando os caras pintadas pediram o Impeachment de Collor eu
tinha 5 anos de idade, este ano quando fui para as ruas pedindo melhorias na sociedade
eu já estava com 25. E os mesmos problemas se repetem.
Talvez eu não tenha uma opinião que se sustente numa contra
argumentação, então este texto é no máximo um desabafo.
Vivemos numa sociedade em que cada dia os valores vão se
invertendo. Li hoje uma reportagem que contava como pais chineses leiloaram a
própria filha para comprar um iphone, estou vendo a hora fazerem isso no Brasil
para comprar um Playstation 4 que por N motivos (impostos) é o mais caro do
mundo. Mais tarde um rapaz ligou para a rádio para pedir que o locutor ‘maneirasse’
na instigação dos outros presos contra o irmão dele que foi preso acusado de
estuprar 5 meninas. Ainda na parte da manhã pessoas do Movimento Sem Terra
invadiram o Centro Administrativo do Estado exigindo uma conversa com o
governador que estava assinando ordem de serviço de mais um pedaço de estrada.
Enquanto o movimento era acusado de vandalizar o local e os funcionários
ficaram ‘presos’ ninguém enxergava quanto tempo eles já vinham esperando essa audiência
ou de modo mais geral, a quanto tempo eles esperam pela reforma agrária.
Vamos sendo bombardeados com essas barbáries todo dia, o dia
inteiro. Então você tenta encontrar uma saída, alguma coisa que mostre que pode
fazer algo, mas simplesmente não há. Tudo tem que ser politicamente correto,
menos a política, os políticos, quero dizer. A gramática politicamente correta
diz que você não pode mais usar ‘esclarecer’ ou ‘denegrir’ porque é preconceito
(contra negros), mas não ensina como responder corretamente ao ouvir um ‘passa
o celular’.
Jogam na sua cara os problemas histórico-sociais que levam
as pessoas a cometer crimes na rua e ignoram que é você quem está sendo
assaltado (será que eu não tenho direitos humanos também). Culpam a deficiência
da segurança, mas não investem em políticas públicas porque o resultado da
reeducação da sociedade vai fazê-la pensar antes de trocar o voto por uma cesta
básica. Colocam na cabeça que negro e pobre é ladrão e pedem morte para
bandidinhos enquanto dizem que não sentem as consequências do roubo de milhões
dos peixes grandes.
Então veem me dizer que sou radical. Com todas essas coisas
na cabeça e todos os dias aparecendo outras e outras. Não que não seja a favor
da prisão perpétua dos bandidos (de todos eles) comendo pão e água e quebrando
pedra até morrer (a depender do crime), mas não acho que dinheiro poderia
comprar e condenar as pessoas da forma que acontece. O filhinho de papai não
tem medo de sair por aí embriagado a 120 km/h no carro de luxo que o papai
comprou e tirar a vida de quatro ou cinco pessoas pelo caminho. Vejam bem que usei
a palavra medo, medo de ir para a cadeia, medo de pagar por seus atos. Não usei
o termo consciência de saber que tirar uma vida é errado.
E por falar em ricos, ainda tem os políticos fazendo farra
com almoços de R$ 7 mil. Enquanto eu tô aqui ralando para comprar um carro
usado. Sim porque mobilidade é você ter seu próprio veículo (isso foi ironia,
PFV). Tanto que se fala em mobilidade hoje em dia, aqui em João Pessoa o máximo
que conseguiram foi ‘enfeiar’ a Epitácio Pessoa e agora estão tentando fazer o
mesmo derrubando as árvores da Beira Rio. Mas ninguém fala em melhorar o
trânsito, pensam em projetos de bilhões de reais e fica o prefeito brigando com
o governador e vice-versa por um trevo/ integração de BRT enquanto eu venho
sufocada com o suvaco do povo na minha cara. Deveriam ser 30 minutos da minha
casa para o trabalho, mas perco outros 30 no engarrafamento, numa lata de
sardinhas transbordando e as pessoas ainda vêm dizer que a passagem é só R$
2,20. É o dinheiro mais caro da minha vida. Então você fica nessa todo dia,
para tirar algum no final do mês e comprar um celular que o mofi vem e leva na
maior (mesmo preconceituosa, a palavra é essa).
Estava pensando esses dias em fazer uma ONG para ajudar esse
tipo de gente a arrumar emprego e parar de roubar as minhas coisas (e dos
outros também), mas o buraco já está tão fundo que você percebe que não há
interesse em trabalhar. Porque somos otários! Eles estão lá porque gostam de
dizer que são da Okaida, porque o bairrismo virou briga de gangue e torcida
organizada não tem nada a ver com futebol mais.
E como se divertir numa cidade assim? Todos os dias somos
bombardeados na hora do almoço com corpos e mais corpos e tiros e roubos e
acidentes... isso dá medo! Como posso sair para um happy hour e voltar depois
que escureceu? As possibilidades de ser assaltada num ônibus, estuprada na esquina
de casa são enormes... e se comprar uma moto o mofi vem e leva no meio do dia
na frente de todo mundo. Sim, porque com os ‘de menor’ não tem isso, não têm
medo da polícia porque não existe consequências para eles. Matam, roubam,
assumem a culpa dos maiores e vão apenas para a ressocialização. Eles sequer
foram socializados algum dia.
As pessoas vão se acostumando e procurando razões para
justificar todas essas barbaridades que acontecem: ‘foi estuprada porque estava
de saia curta’, ‘foi assaltada porque estava falando ao celular no ônibus’, ‘todo
político rouba, é assim mesmo’ e a que mais me machuca ‘não há nada que a gente
possa fazer’.
Voltando ao início do texto. Eu estava nas manifestações de
junho quando o ‘Gigante’ acordou. Fiz o meu cartaz e fui gritar na rua e em
pouco tempo eu fui vendo como o gigante daqui era pequeno. O comércio fechou e
as pessoas fugiram para suas casas para aproveitar o dia de folga. Desfilamos
para uma cidade fantasma e erámos guiados pela mídia que a todo momento exaltava
o nosso ‘sem violência’. No fim, foi mais um carnaval fora de época com pessoas
bêbadas gritando sandices e sem nada na cabeça. Muitos estavam lá só pela
muvuca. Quando um desses imbecilizados gritou ‘Fora Dilma’ eu rebati com um ‘Viva
Renan’. E pensei que toda escória que tanto reclamamos e clamamos FORA é que
faz as regras que nós temos que seguir.
Todos conhecem os nomes Calheiros, Dirceu, Genoíno, Roberto
Jefferson, etc, etc, etc... fora os que não conhecemos e ainda estão lá. E o
que fazemos? É aí que cai a tese de que seu voto pode mudar algo. Não. Não
pode! Você que tem o mínimo senso não vota no Calheiros ou no Maluf, por
exemplo, (para não dizer que estou falando só da esquerda) mas uma massa de
descerebrados comprados por um bolsa esmola vota e eles se reelegem para criar
mais uma geração de descerebrados e assim por diante. Eu não elegi os que estão
aí e sinceramente não foi por protesto que votei em branco, mas por falta de
opção. Para começar (estou falando de 2010) existiam candidatos que poderiam
nem ser elegíveis e estava lá o nome deles na urna e no fim tiveram mais de um
milhão de votos na Paraíba.
Também não contaram com meus votos nenhum da ‘bancada
evangélica’ que se preocupa mais em vigiar os cus alheios do que em apresentar
um projeto que tenha relevância. Não fui eu quem colocou lá o Marco Feliciano
para fazer todo esse furdunço em cima dos gays e ganhar a simpatia da cada vez mais
crescente população evangélica alienada. Até minha própria mãe concorda com o
que esse cara fala. Desviam a atenção das pessoas e desviam também milhões e
milhões de reais e ficamos assistindo isso sem fazer nada.
O que me revolta é que eles conseguiram o que queriam:
Plantar esse sentimento de impotência na população. Fomos deixando para lá,
deixando para lá, achando que não podíamos fazer nada até não poder mesmo.
Hoje, morre minha última esperança, eu ainda acreditava em Dilma, ainda
esperava que existisse esquerda no Brasil e quando me revoltei pelo leilão do
pré-sal do Campo de Libra, que foi uma das críticas dela na campanha de 2010,
um colega de trabalho me trouxe de volta a realidade: ‘E você ainda acredita
nos políticos?’.
Convivo com isso todos os dias. Todo santo dia tem denúncia
de alguma ilicitude de um governo ou outro, de uma secretaria, de um prefeito
dos cafundós do Judas... Todos os dias têm parlamentares se explicando,
tentando provar que não são culpados, jogando a culpa nos outros ou tentando
comprar a mídia para abafar o caso. E quando alguém ameaça se rebelar contra
isso, quando o povo vai para a rua, a própria mídia criminaliza os movimentos
faz quem luta pelos seus direitos parecer uma cambada de malucos sem razão e as
pessoas de bem são só as que estão em casa amedrontadas em suas prisões
particulares.
Sim, o Brasil é um país rico, cheio de belezas naturais,
para dizer que não falei das flores, mas é um lugar mesquinho. Porque não são
só os ricos que se aproveitam dos pobres, não. As pessoas são em si egoístas,
se aproveitam da fragilidade uma das outras. Roubam no troco do mercadinho, não
devolvem algo que viram cair da bolsa de alguém na rua, não levantam para um
idoso sentar no ônibus... E você fica no meio desse monte de gente se
perguntando qual a razão de tudo isso. O porquê de as pessoas agirem assim. E
volta aquela velha agonia, aquele sentimento de incapacidade, de se sentir
sozinho querendo fazer algo grande de mais.
Tive nojo desse país, nojo desse governo ao nos vender assim
tão fácil. Tive nojo do povo por se deixar vender e tão barato e tive nojo
desse sistema que nos torna o pior que podemos ser.
quarta-feira, 16 de outubro de 2013
Café com Pão de Queijo
Devaneado por: Marília Domingues às 19:26_Não sou feliz o dia todo, mas tento ser feliz todos os dias... _ Ela disse me levando de volta a alguns devaneios que tive semana passada sobre como nos obrigamos a parecer bem para os outros. Como essa cultura da felicidade das redes sociais nos afeta a tal ponto de que fingir ser feliz é mais importante que sofrer autenticamente.
_Eu não tento. Se tentar no dia que não conseguir ficaria frustrada, prefiro não esperar nada. Faz meses que não espero nada. O máximo que esperei foi que meu pão de queijo não queimasse e eu acertasse o ponto do café.
_Seu café é bom?
_Não.
Palavrinhas estado de espírito, palavras, reflexão, sentimentos
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