sexta-feira, 27 de maio de 2011

Eu quero é botar meu bloco na rua*

Baixei o álbum de Ligiana sem nenhuma referência, gostei do nome dela ou do nome do álbum, não sei... Mas que bom que eu baixei. Amei. 




Preste atenção essa é a última palavra/ Tenho certeza não ter forças, repeti-la/ Você insistiu na insistência de me abandonar/ Agora pode ir tranquilo, as cinco letras vão chorar / Você dizia que eu roubava a sua calma / Não suportava a selvagem convivência / E convenceu-me de que o amor é uma arte da ilusão cujos segredos ninguém pode decifrar / Mandei mensagens de emergência pelo ar/ Encomendei tapetes persas pra você/ Lutei pra esquecer o teu afeto / Livrar-me de uma saudade infinda/ E agora essa palavra sai do coração / Romance sem capítulo final / Meu peito em combustão ainda queima / Mas a tarde silencia / Adeus! / Levo o meu rosto ao espelho/ Rugas de desgosto desenhadas / Destino que destrói  todo o desejo / Estilhaços de paixão / Tais folhas secas pelo chão / Lavo minhas mãos em  tuas lágrimas / E choro baixinho em soluços / O céu está pedindo para cantar / Mas é inútil as cinco letras vão chorar / Preste atenção essa é a última palavra/ Tenho certeza não ter forças, repeti-la/ Você insistiu na insistência de me abandonar/ Agora pode ir tranquilo, as cinco letras vão chorar / Você dizia que eu roubava a sua calma / Não suportava a selvagem convivência / E convenceu-me de que o amor é uma ciência inexata e o segredos ninguém pode decifrar.


A cantora, compositora e musicóloga Ligiana é uma cria de Brasília de sangue inquieto e pés de cigana. Depois de sua graduação em canto lírico, Ligiana atravessou o atlântico para estudar canto barroco na Holanda. De lá seguiu para a Itália, onde começou a cantar música popular brasileira enquanto concluía um mestrado em filologia musical.
A caravana chamou e Ligiana tomou o rumo da França, onde viveu os últimos três anos. Em Paris, consolidou sua relação com a música popular, cantou muito samba em salas vezes prestigiosas, vezes vertiginosas e começou a compor. Dessa primeira safra fazem parte canções como “Onda” e “Queda por um Samba” – essa última composta por telefone em parceria com seu pai. Voltou algumas vezes à Itália para se apresentar e ainda arranjou tempo para escrever uma tese de doutorado sobre ópera barroca veneziana pelas Universidades de Tours e de Milão.
Nesses anos de Paris concebeu seu primeiro disco, De Amor e Mar, produzido por Fernando Cavaco e Alfredo Bello e gravado entre São Paulo, Paris e Brasília. Com participações de Tom Zé, Hamilton de Holanda, Philippe Baden Powell, Marcelo Pretto e Fernando Alves Pinto. Ligiana comemorou sua volta ao Brasil lançando o disco, no final de 2009 com distribuição da Tratore e fazendo shows com seu quarteto pelo estado de São Paulo e Brasília.
Foi convidada em dezembro de 2009 para se apresentar no Festival Afrikakeur em Dacar, no Senegal, onde aproveitou para gravar com o grande cantor Ameth Male a canção e o vídeo La Lune de Gorée, de Gilberto Gil.
Bons críticos de plantão apreciaram o canto dessa intérprete que começa como compositora e descobre raridades, resgata canções da grande emoção de nossa música e lança novas propostas musicais e cênicas em seus shows cada vez mais comoventes. Ela está no ar, desvendando novas canções, compondo, apaixonando-se por diversas linguagens e expressões musicais.

COMENTARIOS:
“Cantoras, cantoras, cantoras. A enxurrada não para. Mas eis que – entre clones anêmicas de Marisas e Carolinas, pseudo sambistas cheias de pose, compositoras chinfrins e outras armações – volta e meia há boas surpresas. Ligiana é uma que adentra o cenário com força, vontade e pé no chão.”
Lauro Lisboa Garcia – Estado de São Paulo
”…Gostei muito da delicadeza do disco… o cuidado na produção, na interpretação, na escolha do repertório fazem deste trabalho um raio de luz no meio de tantas mesmices.”
André Midani – produtor fonografico
“Ligiana parte da tradição do ritmo para criar um novo ambiente, beirando um respeitoso samba tropicalista”.
Beto Feitosa – Site Ziriguidum
“Ligiana surpreende entre as novas cantoras/autoras. Seu cd “de amor e mar” tem produção depurada e repertório meticuloso” Tarik de Souza – Jornal do Brasil
Eu quero é botar meu bloco na rua





 Há quem diga que eu dormi de touca/ Que eu perdi a boca, que eu fugi da briga / Que eu caí do galho e que não vi saída / Que eu morri de medo quando o pau quebrou / Há quem diga que eu não sei de nada / Que eu não sou de nada e não peço desculpas / Que eu não tenho culpa, mas que eu dei bobeira / E que Durango Kid quase me pegou / Eu quero é botar meu bloco na rua /  Brincar, botar pra gemer /  Eu quero é botar meu bloco na rua /  Gingar pra dar e vender / Eu quero é botar meu bloco na rua /  Brincar, botar pra gemer / Eu quero é botar meu bloco na rua / Gingar pra dar e vender / Eu, por mim, queria isso e aquilo/ 
Um quilo mais daquilo, um grilo menos nisso / É disso que eu preciso ou não é nada disso / Eu quero todo mundo nesse carnaval... / Eu quero é botar meu bloco na rua / Brincar, botar pra gemer / Eu quero é botar meu bloco na rua / Gingar pra dar e vender

domingo, 22 de maio de 2011

E Deus disse...

E Deus disse muitas coisas, mas nunca pregou o ódio. Deus é amor e religião é o mau do povo. A maioria dos conflitos no mundo são causados por intolerância religiosa ou apoiados nessa intolerância. "Guerras santas", massacre de judeus, escravização dos negros, tudo baseado num preceito de que povos com religiões diferentes, ou cor da pele diferente, no caso dos negros, são menos evoluídos e merecem ser escravizados ou extintos. 


A sociedade cristão foi moldada por preceitos de HOMENS, BRANCOS, CRISTÃOS e RICOS. Mulheres, negros, pessoas de outra religião e pobres foram jogados a posição de nada durante muitos séculos, ainda sentimos os reflexos disso hoje, mulheres ganham menos que os homens e até em países mestiços como o Brasil, as pessoas julgam as outras pela cor da pele. 

Pessoas vêm usando a Bíblia como arma. A palavra de Deus vêm sendo deturpada ao longo dos séculos para favorecer uma minoria. Enquanto a grande massa apenas concorda. O protestantismo, que também já foi tão combatido, hoje em dia é quem persegue as minorias. 

Sendo assim deveriam ser perseguidos todos que comessem crustáceos, não guardassem o sábado, comessem porco ou coelho. A criança desobediente, que segundo a "lei da palmada", não pode levar nenhuma palmada, segundo a Bíblia deve ser morta.

Os juros, que são pecado segundo a Bíblia, são quem sustem o nosso amado e querido sistema capitalista. Enquanto o comunismo utópico é chamado de loucura e visto com preconceito pelos mesmos senhores que são santos e seguem à risca a palavra do Senhor.

Os cristãos extremistas se contradizem cada vez que apontam o dedo para alguém. Deus é amor. Leem: "Amai-vos uns aos outros como eu vos amei" e matam pessoas "em nome de Deus" em  guerras sem sentido, que servem de máscara para os reais motivos que são sempre de nível econômico. 

As mesmas pessoas que deveriam seguir "não matarás", "não prestarás falso testemunho", acusam e difamam pessoas que elas nem conhecem.

"Não julgueis para não serdes julgados", mas ofendem, difamam e fazem pessoas acharem que são odiadas por Deus. Quando na verdade só são odiadas por pessoas também e pessoas sem Deus no coração o suficiente para aceitar os outros assim como eles são. Assim como Ele criou.

Por fim, cristãos deixam de buscar a Deus, nas suas casas e nas igrejas. Pastores deixam de pregar a Bíblia para atacar uma rede de TV ou a orientação sexual de um grupo de pessoas. Padres condenam casamentos, mas abusam sexualmente de crianças. 

Espero que o povo, principalmente os que se auto declaram Povo de Deus, veja mais atentamente os ensinamentos Dele, preguem a paz e o amor, sejam boas pessoas. Não condenem ninguém nem se glorifiquem de mais. Mesmo que vocês tenham a certeza da salvação, só quem sabe quem vai para o Céu é Deus. E pode até ser que eu, que faço a contestação pública de suas práticas, vá e vocês com toda a sua hipocrisia, não.

Este é um texto onde eu generalizo, já que cada caso é  um caso, e se eu fosse falar de cada um, não seria um texto, mas um livro. Assim como vejo coisas erradas, também há coisas certas nas religiões. E assim como tem cristãos hipócritas, têm os que realmente seguem a Bíblia. Então, não me levem a mal.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

O mundo vai acabar

E ela só quer dançar!


Ok! Brincadeiras a parte!

O mundo vai acabar, eu postei isso no portal, eu vi no jornal
Vai acabar mesmo,
A primeira previsão deu errado
Mas agora tá tudo bem calculado
O mundo vai acabar

Vai acabar e eu nunca saltei de bungee jump
o mundo vai acabar e eu nunca aprendi a dedilhar no violão
o mundo vai acabar e eu nunca publiquei um artigo científico
nunca dancei tango
Nunca fiz ovo mexido
Nunca comi sushi de pauzinhos
Nunca aprendi a ser fluente em italiano
Nunca viajei para outro país
Nunca publiquei um livro
Nunca aprendi a cantar "your mamma won't like me" toda
Nunca construí um abrigo nuclear
Nunca fui num show de rock
Nunca dei um soco na cara de ninguém
Nunca beijei na chuva
Nunca fui na roda gigante com namorado
Nunca aprendi a nadar
Nunca comprei um notebook
Nunca tive um celular de dois chips
Nunca joguei wii
Nunca cheguei em ninguém
Nunca usei um sobretudo
Nunca coloquei sombra preta forte
Nunca aprendi a andar de patins ou skate
Nunca comi guaca mole
Nunca fui a uma festa a fantasia de verdade
Nunca namorei por um ano
Nunca tive um emprego de verdade (só estágio e autônoma)
O mundo vai acabar e eu nunca consegui assistir os filmes do Harry Potter
Nunca concluí uma graduação
Nunca joguei bola na praia
Tive uma casa própria
Nunca cozinhei feijão
Nunca mudei o visual dráticamente
Nunca fui numa formatura de universidade
Nunca recebi um trote (de estudantes)
Nunca fiz pipoca doce
Nunca briquei de Gato mia
Nunca bebi saquê
Nunca terminei um livro de Hilke
Nunca terminei de ler a bíblia
Nunca tive uma religião
Nunca escrevi uma monografia
Nunca fui no carnaval de Olinda
Nunca tive irmãos
Nunca pintei o cabelo
Nunca tive 200 seguidores no twitter
Nunca lotei um perfil do orkut
Nunca Tive 50 seguidores no blog
Nunca usei calça de lycra
Nunca fiz caminhada/ corrida
Nunca joguei basquete
Nunca fizeram uma loucura de amor por mim
Nunca fugi de casa
Nunca matei
Nunca morri

Nunca...

PS.: Se o mundo não acabar eu faço um post com as coisas que eu já fiz... haha

sábado, 14 de maio de 2011

Amor de liquidação

Está a venda em promoção
Sentimentos são vendidos em troca de reciprocidade
vendidos em troca de verdade
de um pouco de vaidade

Sentimentos são trocados por mentiras
por sorrisos e olhares rasos
Por enganos

Sentimentos de liquidação
expostos para quem der menos
O resto, o fim, o que ninguém quis

Amor de liquidação
que já foi tão caro e disputado
Agora exposto
para quem quiser levar

Fora de linha
antiquado
antigo
até dado

Amor de liquidação
Sentimentos comprados com palavras vazias
E a prazo
Falsidades embutidas no cartão

domingo, 8 de maio de 2011

Mãe ontem, hoje e sempre!








Rosa (Marisa Monte)
Tu és divina e graciosa
Estátua majestosa
No amor!
Por Deus esculturada
E formada com ardor...

Da alma da mais linda flor
De mais ativo olôr
Que na vida é preferida
Pelo beija-flor...

Se Deus
Me fora tão clemente
Aqui neste ambiente
De luz, formada numa tela
Deslumbrante e bela...

Teu coração
Junto ao meu lanceado
Pregado e crucificado
Sobre a rosa e a cruz
Do arfante peito teu...

Tu és a forma ideal
Estátua magistral
Oh! alma perenal
Do meu primeiro amor
Sublime amor...

Tu és de Deus
A soberana flor
Tu és de Deus a criação
Que em todo coração
Sepultas um amor...

O riso, a fé, a dor
Em sândalos olentes
Cheios de sabor
Em vozes tão dolentes
Como um sonho em flor...

És láctea estrela
És mãe da realeza
És tudo enfim
Que tem de belo
Em todo resplendor
Da santa natureza...

Perdão!
Se ouso confessar-te
Eu hei de sempre amar-te
Oh! flor!
Meu peito não resiste
Oh! meu Deus
O quanto é triste
A incerteza de um amor
Que mais me faz penar
Em esperar
Em conduzir-te
Um dia ao pé do altar...

Jurar aos pés do Onipotente
Em preces comoventes
De dor, e receber a unção
Da tua gratidão...

Depois de remir meus desejos
Em nuvens de beijos
Hei de envolver-te
Até meu padecer
De todo fenecer...

sábado, 7 de maio de 2011

TUDO EM CIMA: Como os Estados Unidos criaram Bin Laden

TUDO EM CIMA: Como os Estados Unidos criaram Bin Laden: "Como os Estados Unidos criaram Bin Laden"

Como os Estados Unidos criaram Bin Laden*

*Texto retirado do blog Tudo em Cima, que costumo ler para me informar sobre cinema, política, religião e outras coisas.

Acesse Tudo em Cima para outros textos e opiniões. Texto na íntegra.


A história proibida da aliança entre Washington e o homem que ordenaria os ataques de 11 de setembro

Por Antonio Martins* | Imagem: Dragão, de M.C. Escher (detalhe)


A ordem formal para detonar o último esconderijo de Bin Laden foi dada por Barack Obama na manhã de sexta-feira, informou nesta manhã (2/5) o New York Times. Antes de rumar para o Alabama, onde acompanhou o socorro às vítimas de tornados violentos, o presidente determinou que forças especiais da central de inteligência dos EUA – a CIA desencadeassem o ataque. Instalado numa casa em Abbottabad, a apenas 50 quilômetros da capital do Paquistão, o líder da Al Qaeda teria resistido ao comando que o localizou. Segundo fontes norte-americanas, foi ferido na cabeça e em seguida, estranhamente, sepultado no mar. As circunstâncias exatas da operação ainda são desconhecidas.

Ironicamente, a CIA, encarregada de conduzir a operação que liquidou Bin Laden, está estreitamente associada ao surgimento do terrorista. Pouco se falará a respeito, nos próximos dias, mas tanto o homem de barbas longas e olhar calmo quanto a própria Al Qaeda foram conscientemente criados pelos Estados Unidos, no contexto da disputa contra a União Soviética, na “guerra fria”.

Os fatos estão disponíveis em algumas publicações alternativas norte-americanas, entre as quais destacam-se, o site Z-Net, a revista The Nation. Para esta escreve Robert Fisk, um repórter veterano e especializado em questões de Oriente Médio. Ele fala com a autoridade de quem se encontrou várias vezes, na condição de jornalista, com Bin Laden.

A última delas, conta, foi em 1997, nas montanhas do Afeganistão. Avistou o saudita na pose e nos trajes em que aparece costumeiramente na imprensa ocidental. Roupas afegãs tradicionais, refestelado em sua caverna, ar tranqüilo. Bin Laden aparentou um conhecimento muito superficial sobre a situação do mundo. Atirou-se sobre o jornal que Fisk tinha consigo. Deu a entender que a leitura lhe trazia muitas novidades, mas abandonou a atividade depois de meia hora. Preferiu falar sobre sua crença na proteção que lhe seria assegurada por Alá. Relatou os muitos episódios em que, ao enfrentar os ocupantes soviéticos do Afeganistão, salvou-se porque os foguetes que foram atirados sobre seus esconderijos deixaram de explodir. Afirmou não temer a morte, porque “como muçulmano, acredito que, quando morremos em combate, vamos para o Paraíso”. Mas não deixou, nem por um instante, o abrigo em que se encontrava. Fisk registra: era “uma relíquia dos dias em que combateu os soviéticos: um nicho de oito metros de altura escavado na rocha, à prova até mesmo de ataques de mísseis”.

Em nome da vitória sobre os soviéticos, acordo com os extremistas

Num outro texto — um artigo analítico assinado por Dilip Hiro, intitulado “O custo da ‘vitória’ afegã” The Nation revive as circunstâncias da aliança que acabaria envolvendo Washington e Bin Laden. O cenário é o Afeganistão; a época, a última fase da Guerra Fria. Em 1979, um golpe militar havia levado ao poder grupos ligados à União Soviética (URSS). Anticomunista fervoroso, Zbigniew Brzezinsky, assessor de Segurança Nacional do então presidente Jimmy Carter, vislumbra uma oportunidade de passar da defesa ao ataque. Não quer apenas reinstalar em Kabul um governo aliado ao Ocidente. Pretende disseminar, entre as populações muçulmanas da URSS, um tipo de pensamento religioso capaz de incitá-las ao máximo contra o governo de Moscou. The Nation frisa: havia alternativas, mesmo para os que, como o assessor de Segurança Nacional, estavam empenhados em promover a Guerra Fria. Exitiam no Afeganistão “diversos grupos seculares e nacionalistas opostos aos soviéticos”. Ao invés de apoiá-los, no entanto, a Casa Branca parte para o que julga ser uma cartada genial. Impulsiona as organizações afegãs mais fundamentalistas, reunidas, desde 1983, na Aliança Islâmica do Mujahedin Afegão (IAAM, em inglês).

Os instrutores valorizam ao máximo a guerra santa (Jihad) contra Moscou. A Casa Branca quer matar dois coelhos com uma só paulada. A suposta defesa do islamismo contra os ateus soviéticos serve para consolidar, no Paquistão, o poder de Zia ul-Haq, fiel aliado do Ocidente. O terceiro elo da coalizão é a Arábia Saudita, onde outro governo pró-americano, embora muito rico, necessita de reforço ideológico. Ao longo de alguns anos, os príncipes sauditas serão convidados a “doar” 20 bilhões de dólares para a cruzada da IAAM. Através da CIA, os Estados Unidos comparecerão com mais US$ 20 bi. Os rios de dinheiro verde servirão para recrutar e formar guerrilheiros fanatizados e armá-los até os dentes. Fazem parte de seu arsenal mísseis anti-helicópteros que serão decisivos para enfrentar e vencer tanto o governo pró-URSS quanto as próprias tropas soviéticas, que, em favor de seu aliado, ocuparam o país em 1979.

Um milionário saudita adere a estranhos “lutadores da liberdade”

É esse clima de extremismo e intolerância suscitado por Washington que atrairá o saudita Osama bin Laden ao Afeganistão. No início dos anos 80, quando chegou ao país, ele era apenas o jovem herdeiro milionário de uma família de empresários do ramo da construção. Estava fascinado pela jihad patrocinada pelos EUA. Foi o primeiro saudita a aderir a ela, e levou consigo, ao longo do tempo, pelo menos 4 mil compatriotas. Tornou-se líder dos “voluntários” no Afeganistão. Aproximou-se dos dirigentes do IAAM, que, graças ao apoio recebido da Casa Branca, constituiriam anos depois o governo Taliban. Construiu abrigos reforçados para depósito de armas, participou de ações guerrilheiras. Jamais lhe faltou apoio moral do Ocidente. O repórter Robert Fisk relata: “Estava no Afeganistão em 1980, quando Laden chegou. Ainda tenho minhas notas de reportagem daqueles dias. Elas recordam que os guerilheiros mujahedin queimavam escolas e cortavam as gargantas das professoras, porque o governo tinha decidido formar classes mistas, com meninos e meninas. O Times de Londres os chamava de ‘lutadores da liberdade’. Mais tarde, quando os mujahedins derrubaram (com um míssil inglês Blowpipe) um avião civil afegão com tripulação e 49 passageiros, o mesmo jornal os chamou de ‘rebeldes’. Estranhamente, a palavra ‘terroristas’ nunca foi usada para qualificá-los”

A partir de 1989, com o colapso do governo pró-soviético no Afeganistão e da própria União Soviética, os “voluntários” começaram a voltar a seus países. Ao retornarem ao mundo árabe, explica Dilip Hiro, formaram um grupo à parte, que se tornou conhecido como os “afegãos”. Tinham marcas muito características. A intolerância e o desprezo pela vida humana eram os mesmos cultivados sob comando e por determinação consciente dos Estados Unidos. Haviam adquirido, nos anos da luta anti-soviética, alta capacitação em práticas terroristas. Eram, contudo, menos inexperientes do ponto de vista político. Passaram a observar que países como a Arábia Saudita e o Egito eram governados por elites tão submissas aos Estados Unidos quanto era subordinado aos soviéticos o governo afegão contra o qual lutaram.

A cobra volta-se contra o ninho em que se criou


A guerra do Golfo os voltou de vez contra Washington. Encerrada a campanha contra o Iraque, em 1991, a Casa Branca descumpriu a promessa de retirar da Arábia Saudita — país onde estão as cidades sagradas de Meca e Medina — as bases militares e os milhares de soldados mobilizados contra Saddan Hussein. Bin Laden e seus liderados lembraram que isso contraria a Sharia , lei islâmica. Em 1993, o rei Fahd, talvez o mais fiel aliado dos EUA no mundo árabe, ainda cortejou o milionário, chegando a ponto de nomeá-lo para um Conselho Consultivo real. Em 94, depois de novos desentendimentos, Bin Laden foi expulso da Arábia Saudita. Em 96, declarou uma jihad contra a presença norte-americana no país. Afirmou então que “expulsar o ocupante americano é o mais importante dever dos muçulmanos, depois do dever da crença em Deus”. Dois anos depois, uma declaração conjunta assinada por uma frente de organizações fundamentalistas formada por Bin Laden exortava: “A determinação de matar os americanos e seus aliados — civis e militares — é um dever individual para todo muçulmano que possa fazê-lo em qualquer país onde isso for possível, com objetivo de libertar de suas garras a Mesquita de Al-Aqsa [em Jerusalém] e a Mesquita Sagrada [Meca]. Isso está em consonância com as palavras de Deus todo poderoso”.

Em seu relato para The Nation, Robert Fisk lembra que Bin Laden não é o primeiro aliado com quem a Casa Branca se relaciona intimamente durante certo tempo, para mais tarde, quando já não necessita de seus serviços, acusá-lo — com ou sem motivos — de terrorista. Ele cita os casos de Saddan Hussein, visto como herói quando atacou com armas químicas o Irã; ou de Iasser Arafat, considerado “super-terrorista” quando liderava a luta pela libertação da Palestina e mais tarde “respeitável homem de Estado”, ao firmar com Israel acordos de paz jamais cumpridos.

Bastaria olhar para a América Latina para encontrar outros múltiplos exemplos de relações privilegiadas entre Washington e terroristas, praticantes de golpes de Estado, governantes tirânicos, corruptos, torturadores. Num outro sentido, menos direto, porém mais ameaçador, a aliança com o terror está, aliás, sendo reeditada neste exato momento. Bin Laden usa a opressão dos EUA e de Israel contra o mundo árabe como pretexto para justificar sua intolerância e atos criminosos. Todas as declarações dos governantes norte-americanos feitas após os atentados de 11 de setembro indicam que a Casa Branca pretendem apoiar-se no risco real do terror para desencadear uma ofensiva militar e política que, se não for barrada, transformará o planeta num local muito mais violento, antidemocrático e desigual. Talvez por isso, as sociedades tenham o direito de dizer que, contra a barbárie dos extremistas e do Império, a única saída é a construção de um mundo novo.

* As partes essenciais deste texto foram escritas em setembro de 2001 e publicadas no site Planeta Porto Alegre, cujos arquivos – recentemente resgatados pelo webmaster e midiativista Rafael Banto — estão disponíveis aqui

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Aquelas coisas

Aquela atriz gostosa que sumiu da TV teve um filho
Aquela banda alternativa de repente se tornou popzinha de mais
Aquele livro continua na estante esquecido
Aqueles mesmos amores platônicos não me deixam em paz

Aqueles poemas que falavam de amor já não são mais escritos
Aquela confiança cega começou a enxergar
Aquele círculo de amigos já são desconhecidos
Aquela bebida já não é tão forte para embriagar

Aquele banho gelado, no frio já não é tão bem vindo
Aquele café continua amargo e forte de mais
Aquela rede social há muito tempo vem decaindo
Aquela decisão, que ninguém tomou. Agora é tarde mais!

Aquelas coisas velhas que com o tempo já não fazem sentido
Aquelas músicas que já não tocam no rádio, o coração nem faz questão de lembrar
E todas aquelas sensações, todas as ilusões
Tudo que mudou, todo o novo que chegou, tudo ocupou o seu lugar.

M.D
João Pessoa 06 de maio de 2011
01h04min